Disco Elysium, as baladas de um detetive fracassado

 

Eu sempre fui muito fã de mistério. Desde muito pequeno, meu desenho favorito é scooby-doo, leio muito Sherlock Holmes, sempre gostei muito de narrativas que me façam pensar, narrativas que nunca subestimem minha inteligência. 

E como um grande fã de jogos, eu sempre procurei um jogo que corresponda aos meus gostos e meu amor por mistério. Os primeiros que eu me deparei com uma história que ficasse em mistério e em juntar pistas foram jogos de terror, daí meu grande amor por terror veio na verdade, mas se eu saio da literatura ou cinema eu não tenho coragem de consumir coisas de terror. 

Mais ou menos ano passado eu descobri o mundo de jogos do sherlock holmes (papo de outro post), mas antes mesmos desses jogos eu conheci um jogo que mudou o jeito que eu vejo toda a história dos jogos de mistério. 

Algo completamente diferente de tudo que já vi, uma história clássica de polícia, com elementos novos e com um protagonista digno de ter sido escrito por bookovisky, com direito a um assasinato estranho, melancolia, e muita discoteca,o nome desse jogo é. 

 

 

Disco Elysium 

 

Disco Elysium é um jogo eletrônico de RPG desenvolvido e publicado pela ZA/UM uma desenvolvedora independente. Foi lançado inicialmente para Windows em 15 de outubro de 2019, com versões para Nintendo Switch, PlayStation 4 e Xbox One disponibilizadas em 2021, atualmente o jogo também tem suas versões para Xbox Series S/X e P5. O jogo é uma criação do escritor e designer estoniano Robert Kurvitz, que desenvolveu o jogo que foi extremamente elogiado pela crítica especializada, sendo elogiado como um dos melhores RPGs de todos os tempos. 

  

O enredo de Disco Elysium se desenrola em uma cidade fictícia inspirada em cidades do Leste Europeu, a cidade de Revachol, especialmente no problemático bairro costeiro de Martinaise e onde a trama dessa história se desenrola. Neste cenário, marcado pela criminalidade, pobreza e corrupção, o poder é exercido pelo corrupto Sindicato dos Estivadores. A história se passa quase 50 anos após uma revolução comunista que destituiu a antiga monarquia de Revachol, que outrora era uma superpotência. A revolução se espalhou por todo o arquipélago de Insulinde, resultando na ocupação de Revachol por uma coalizão de nações capitalistas. Desde então, a cidade foi dividida em zonas de ocupação e é considerada uma "Região Administrativa Especial". Uma das poucas instituições governamentais remanescentes é a Revachol Citizens Militia (Milícia dos Cidadãos de Revachol), ou "RCM", que atua como a força policial autônoma da cidade. 

  

O protagonista assume o papel de um detetive da RCM encarregado de investigar o assassinato de um homem encontrado enforcado em uma árvore. No entanto, após um colapso emocional, o detetive mergulha em uma espiral de excessos alcoólicos e acaba perdendo a memória, despertando três dias depois em seu quarto de hotel, sem lembrar quem é ou o que estava fazendo. A partir daí, o jogador assume a tarefa de resolver o caso de homicídio e auxiliar o detetive na jornada de redescoberta de sua identidade, preenchendo as lacunas em sua memória. 

 

 

Por que é tão incrível 

 

Nunca antes um título conseguiu capturar tão vivamente a realidade sombria como Disco Elysium. Sua narrativa, personagens e ambiente são tão palpáveis que chegam a causar desconforto. 

  

Os cenários e situações em que o protagonista se encontra revelam a essência humana de forma crua, sem os filtros sociais; afinal, estamos imersos em sua mente. Ao longo dos diálogos, diferentes partes do cérebro do protagonista interagem e comentam suas decisões e interações, sejam elas de natureza química, lógica ou emocional. 

O jogo e o protagonista em sua essência trabalha com a experiência de fracasso, de como não importa o que aconteça você vai fracassar, vai se perder e vai se frustrar. O importante que  o jogo que passar é persistência, o sentimento de culpa e vergonha são constantes para o protagonista, mas ele não desiste.

A narrativa do jogo é fortemente influenciada pelo posicionamento político do jogador, permitindo um roleplay que se baseia em valores pessoais e ética, sem rodeios. Se agir de forma fascista, o jogo não hesita em apontá-lo como tal. 

  

O worldbuilding, embora excepcional, é introduzido ao longo do jogo de forma um tanto preguiçosa, através do clichê do protagonista com amnésia. O problema reside no fato de que, embora o personagem tenha um histórico de alcoolismo, mais tarde é possível optar por ignorá-lo, sem enfrentar consequências significativas. 

  

Quanto à dublagem, é uma das melhores já vistas em um videogame. O lançamento do Final Cut introduziu essa característica, transformando a experiência de forma fundamental. Essa escolha foi, sem dúvida, crucial para que eu me apaixonasse por essa jornada. 

  

Disco Elysium é uma obra sensacional que merece ser lembrada por muitos anos.