'A Guerra dos Rohirrim’ é a PROVA que a Terra Média não precisa de Hobbits para boas histórias.
De fato, nem todos gostam da saga o Senhor dos Anéis, mas as pessoas que gostam, não só gostam amam, são obcecadas pelo mundo, seus personagens e seus mitos. Não é surpresa que, mesmo depois de tantas adaptações para o cinema e para a televisão, esse universo continue a crescer e a explorar tramas que ainda não foram contadas no audiovisual. Partindo desse princípio, o diretor é Kenji Kamiyama, da série Blade Runner: Black Lotus, decidiu trazer as telonas a mais nova carta de amor a obra, abordando em seu filme de maneira precisa o sentimento da lenda épica, a história de uma guerra dos homens, a batalha do abismo de Helm. Somos convidados a conhecer um pequeno pedaço dessa epopeia irretocável com a ambiciosa animação “O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim”.
O filme aborda e expande um dos apêndices presentes na trilogia, se passando em Rohan, um dos reinos dos humanos na Terra-Média conhecido pelos seus cavaleiros (os Rohirrim), e expande a saga do rei Helm mão-de-martelo. A trama é ambientada quase dois séculos antes de Frodo Bolseiro e de sua empreitada envolvendo o Um Anel, Helm está em guerra com Wulf, líder do povo Dundeling que busca vingança pela morte do pai Freca, lorde dos terra-pardenses que não está de acordo com a linha de pensamento de Helm e ousa enfrentá-lo em uma breve batalha. No passado, Wulf era amigo de Hèra, filha do rei e exímia montadora de cavalos, e sempre foi apaixonado por ela.
Mesmo que Helm seja importante na narrativa, nós acompanhamos a história pela perspectiva de Hèra, seus conflitos internos e externos, já que cabe a ela ajudar, não apenas seu pai a manter o poder, mas proteger seu povo. Pintada como “arisca” e destemida, ela passa por um desenvolvimento, centro de um enredo pautado no arco de amadurecimento e em sua ascensão à independência e a manutenção de uma memória que precisa ser resgatada – como apontado pela narradora da obra, Éowyn. E, além de expandir a mitologia com solidez invejável e atar os eventos à linha do tempo original de Tolkien e dos longas de Peter Jackson, a produção funciona como filme-solo e mostra-se bastante competente.
O filme é a prova de que, em um universo riquíssimo como o de Senhor dos Anéis, é possível fugir do convencional. A escolha de trazer uma história e uma lenda dos homens, sem envolver ativamente outras espécies na trama (com exceção do final), mostra como é possível fazer boas adaptações das obras de Tolkien. Com apenas um apêndice, criaram personagens cativantes dentro de um conto épico, acertando onde “Os Anéis de Poder” errou. Trabalhar com personagens que têm grandes lacunas geralmente é um grande desafio, mas foi magistralmente feito pelo time de roteiristas Jeffrey Addiss, Will Matthews, Phoebe Gittins e Arty Papageorgiou. Eles têm plena noção de que, às vezes, utilizar fórmulas é a saída mais prática e inteligente.
Se Jackson deu vida a um modelo a ser seguido nas releituras cinematográficas ou seriadas de Tolkien, a ideia não é superá-lo ou seguir os mesmos passos, mas mostrar que, mesmo dentro de algo conhecido, existem histórias a serem contadas que merecem nossa atenção. Sem tentar reinventar a roda e mirando em uma história mais pé no chão e contida, o filme evita cometer os mesmos erros das obras anteriores, que forçavam um épico. Trabalhando mais na simplicidade e tendo mais tempo para desenvolvimento, conseguiram criar um épico digno de “Senhor dos Anéis”.
A complexidade que trouxe à tona um apego emocional aos seus personagens existe a partir das relações entre eles, e não no que representam. Hèra é símbolo da guerreira que, livrando-se de suas amarras, desponta como uma releitura da memorável Éowyn para fazer o que é certo e salvar seu povo, em contraponto de um constante luto que sente pelos sacrifícios do pai e do irmão. Do outro lado existe o oposto gritante, Wulf que é caracterizado, a princípio, como vítima das circunstâncias, obrigado a se deixar levar pelo caminho da escuridão após ver o pai morrer e transformando-se em um ser arisco e trapaceiro que não pensa em nada além de sua vingança vazia, movida por ódio e orgulho.
“A Guerra dos Rohirrim” é uma sólida e bem-vinda adição à franquia “O Senhor dos Anéis”, abrindo espaço para explorações inéditas que não necessariamente requisitam de conhecimento prévio do público. Prato cheio para os fãs da saga, de animações e de obras épicas, o filme entrega o que promete e nos faz recordar do motivo de adorarmos tanto o universo de Tolkien.
Minha nota é 4.5
Uau!! Apos ler sua critica, estou muito interessado em assistir o filme. Concordo quando vc diz que nem todos gostam de Sr. dos Anéis (eu, pessoalmente, tenho uma preguiiiçaaaa), mas saber que lançaram um filme novo que não precisa conhecer a obra e tem um ritmo mais epico, me da vontade de levar meu namorado p assistir no cinema kkkk quem sabe eu goste tanto quanto ele hehehe
ResponderExcluirMuito obrigado !!! Recomendo assistir esse como vc é leigo
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